Por Patrícia Mirelly
Nas primeiras horas desta sexta-feira, dia 07 de abril, o
repicar do imponente sino da Catedral de Nossa Senhora da Penha, de Crato,
penoso e triste, chamava os fiéis para o último adeus àquele que por oito anos
e meio fora seu pastor e guia espiritual. Ouvia-se o coro dos seminaristas. O
bispo dom Gilberto Pastana, acompanhado de padres, somando em 71, mais 15
diáconos, em pares, seguiam em cortejo ao presbitério. Acendiam-se as velas.
Conforme o Pontifical Romano, a urna onde repousava o corpo de dom Newton
Holanda Gurgel – quarto bispo na linha sucessória da Diocese de Crato – é
fechada no início da cerimônia. Sobre ela é posta o Livro dos Evangelhos aberto
e, ao lado, o Círio Pascal. Uma grande concentração humana também rodeava a
urna.
À
homilia, que chamou de “discurso de despedida”, o bispo diocesano, dom
Gilberto, trouxe a memória do Cristo consolador, quando, aos discípulos, pede
que “confiem Nele e retirem de suas vidas todo sentimento de angústia,
renovando sua adesão de fé na ação de Deus”.
Sobre dom Newton, partindo de seu lema episcopal, “Combati o bom
combate”, disse que, “o já saudoso quarto bispo de Crato”, durante sua longa
vida prestou grandes serviços à Igreja. “Era um homem dotado de grande
simplicidade. E, sob forte emoção, estamos todos aqui para agradecer e prestar
homenagens”, ressaltou.
Lembrando
um momento específico, quando de uma visita fraterna que o bispo emérito lhe
fizera em casa episcopal, para partilhar as experiências de vida como pastor da
diocese, dom Gilberto ainda afirmou: “Mesmo aposentado de suas funções
episcopais, tinha consciência de que o bispo, com os apóstolos, continuam a
sentir, em seu viver cotidiano, o tesouro das riquezas de seu apostolado”.
É por isso – prosseguiu– que essa Igreja Particular de Crato
teve a grande bênção de contar sempre com grandes pastores: o sábio e ousado
dom Quintino; dom Francisco, o homem de Deus; o dinâmico e empreendedor dom
Vicente e o prudente e extremamente organizando dom Newton. Todos eles, por um
desígnio da providência, tomam, agora, o sono da paz.
Homenagens oficiais
Padre
Edson Bantim, vigário paroquial de Mauriti, falando em nome de todo o Clero,
exaltou as virtudes de dom Newton, recordando, sobretudo, a sua profunda paixão
pelas vocações sacerdotais: “Foi, sobretudo, uma testemunha fiel de Cristo, o
que se espera, em primeiro lugar, de um sucessor dos apóstolos. Ia ao encontro
das pessoas sem chamar a atenção para si mesmo, mas com delicadeza, atenção e
firmeza evangélica, apresentava-lhes o Cristo e exortava-lhes ao bom combate da
fé. Apresentava-se, fielmente, todos os sábados, pela manhã, no Seminário, para
acompanhar os seminaristas e instruí-los à proclamação e à escuta da Palavra de
Deus”.
Ao púlpito, também discursaram o diácono José Oliveira
Cavalcante (Cory), em nome dos demais, e o prefeito de Crato, Ailton Brasil.
Transladação do corpo e sepultamento
Dentro
da Catedral de Nossa Senhora da Penha eram centenas de fiéis que desejavam ver
pela última vez o seu bispo emérito. Dom Gilberto, junto ao bispo de Iguatu,
dom Edson de Castro, e o bispo eleito de Tianguá, monsenhor Edimilson Neves,
aproximam-se da urna. Aspergem-na. Adiante, rezando a oração das exéquias, a
urna funerária, erguida, seguiu para a Capela da Ressurreição, na própria Sé,
onde foi depositado junto aos demais bispos e o monsenhor Vitaliano Mattioli.
Emocionado, o povo acompanhou o cortejo. O coro dos seminaristas
aumentava a comoção, enquanto o sino da Catedral encerrava a cerimônia. Com
todas as honras, trajes e ritos, no findar da manhã desta sexta-feira, 07 de
abril, oficialmente, a Diocese de Crato despede-se de seu quarto bispo.
Para
muitos, como Adeleni Milfont, que integra a equipe diocesana do Ministério de
Liturgia, à memória fica a imagem do pastor zeloso e de notável sabedoria.
Fonte: Diocese do Crato
Nenhum comentário:
Postar um comentário