sexta-feira, 7 de abril de 2017

O ADEUS A DOM NEWTON

Por Patrícia Mirelly
Nas primeiras horas desta sexta-feira, dia 07 de abril, o repicar do imponente sino da Catedral de Nossa Senhora da Penha, de Crato, penoso e triste, chamava os fiéis para o último adeus àquele que por oito anos e meio fora seu pastor e guia espiritual. Ouvia-se o coro dos seminaristas. O bispo dom Gilberto Pastana, acompanhado de padres, somando em 71, mais 15 diáconos, em pares, seguiam em cortejo ao presbitério. Acendiam-se as velas. Conforme o Pontifical Romano, a urna onde repousava o corpo de dom Newton Holanda Gurgel – quarto bispo na linha sucessória da Diocese de Crato – é fechada no início da cerimônia. Sobre ela é posta o Livro dos Evangelhos aberto e, ao lado, o Círio Pascal. Uma grande concentração humana também rodeava a urna.
À homilia, que chamou de “discurso de despedida”, o bispo diocesano, dom Gilberto, trouxe a memória do Cristo consolador, quando, aos discípulos, pede que “confiem Nele e retirem de suas vidas todo sentimento de angústia, renovando sua adesão de fé na ação de Deus”.
Centenas de fiéis estiveram presentes na celebração. (Foto: Patrícia Silva)
Sobre dom Newton, partindo de seu lema episcopal, “Combati o bom combate”, disse que, “o já saudoso quarto bispo de Crato”, durante sua longa vida prestou grandes serviços à Igreja. “Era um homem dotado de grande simplicidade. E, sob forte emoção, estamos todos aqui para agradecer e prestar homenagens”, ressaltou.
Lembrando um momento específico, quando de uma visita fraterna que o bispo emérito lhe fizera em casa episcopal, para partilhar as experiências de vida como pastor da diocese, dom Gilberto ainda afirmou: “Mesmo aposentado de suas funções episcopais, tinha consciência de que o bispo, com os apóstolos, continuam a sentir, em seu viver cotidiano, o tesouro das riquezas de seu apostolado”.
O rito das exéquias seguiu o Pontifical Romano, (Foto: Patrícia Silva)
É por isso – prosseguiu– que essa Igreja Particular de Crato teve a grande bênção de contar sempre com grandes pastores: o sábio e ousado dom Quintino; dom Francisco, o homem de Deus; o dinâmico e empreendedor dom Vicente e o prudente e extremamente organizando dom Newton. Todos eles, por um desígnio da providência, tomam, agora, o sono da paz.
Homenagens oficiais
Padre Edson Bantim, vigário paroquial de Mauriti, falando em nome de todo o Clero, exaltou as virtudes de dom Newton, recordando, sobretudo, a sua profunda paixão pelas vocações sacerdotais: “Foi, sobretudo, uma testemunha fiel de Cristo, o que se espera, em primeiro lugar, de um sucessor dos apóstolos. Ia ao encontro das pessoas sem chamar a atenção para si mesmo, mas com delicadeza, atenção e firmeza evangélica, apresentava-lhes o Cristo e exortava-lhes ao bom combate da fé. Apresentava-se, fielmente, todos os sábados, pela manhã, no Seminário, para acompanhar os seminaristas e instruí-los à proclamação e à escuta da Palavra de Deus”.
Clero dá o último adeus ao quarto bispo da diocese de Crato . (Foto: Patrícia Silva)
Ao púlpito, também discursaram o diácono José Oliveira Cavalcante (Cory), em nome dos demais, e o prefeito de Crato, Ailton Brasil.
Transladação do corpo e sepultamento
Dentro da Catedral de Nossa Senhora da Penha eram centenas de fiéis que desejavam ver pela última vez o seu bispo emérito. Dom Gilberto, junto ao bispo de Iguatu, dom Edson de Castro, e o bispo eleito de Tianguá, monsenhor Edimilson Neves, aproximam-se da urna. Aspergem-na. Adiante, rezando a oração das exéquias, a urna funerária, erguida, seguiu para a Capela da Ressurreição, na própria Sé, onde foi depositado junto aos demais bispos e o monsenhor Vitaliano Mattioli.
Dom Gilberto depositando um ramalhete de flor em cima da urna funerária de dom Newton. (Foto: Patrícia Silva)
Emocionado, o povo acompanhou o cortejo. O coro dos seminaristas aumentava a comoção, enquanto o sino da Catedral encerrava a cerimônia. Com todas as honras, trajes e ritos, no findar da manhã desta sexta-feira, 07 de abril, oficialmente, a Diocese de Crato despede-se de seu quarto bispo.
Para muitos, como Adeleni Milfont, que integra a equipe diocesana do Ministério de Liturgia, à memória fica a imagem do pastor zeloso e de notável sabedoria.
Fonte: Diocese do Crato


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