A 20ª edição da Copa do Mundo, a partir
de hoje no Brasil, coloca o País no espelho do mundo, numa oportunidade rara
para a divulgação da cultura, desenvolvimento urbano, pujança econômica,
estabilidade política e demonstração da busca de paz. Nas próximas semanas, uma
plateia de 3 bilhões de espectadores terá ampla visão das potencialidades
brasileiras.
Campeonato desse nível sugere diversas
leituras. A primeira delas é geopolítica, colocando o Brasil entre grupo
restrito, mas ativo de países projetados pelo futebol no mundo, onde essa
indústria de entretenimento se expandiu e se consolidou como esporte e
diversão. Até em países sem tradição futebolística, como os Estados Unidos da
América e o Japão, o futebol sedimentou seu destaque.
Há 64 anos, o Brasil registrava, pela
primeira vez, a oportunidade de sediar o campeonato mundial de futebol, quando
as nossas condições de desenvolvimento eram limitadas, por força de sucessivas
transformações econômicas e sociais. Num hiato entre crises políticas, em 1950,
o País concentrou o que havia de mais expressivo, à época, no campo do esporte
futebolístico.
No campo esportivo e fora dele fizemos
o melhor ao nosso alcance para, no final, registrar a derrota para o Uruguai e,
por consequência, a frustração dos torcedores engajados neste esporte então em
crescimento acelerado. O acidente de percurso não justificou a perda do título
diante de tanto domínio de bola.
Ao longo de mais de meio século dos
embates planejados pela Fifa, o Brasil acumulou cinco conquistas de Copas do
Mundo e agora coloca em jogo o hexa, ou seja, o sexto título. E o faz reunindo
brasileiros experientes no futebol internacional, por sua atuação nos maiores
clubes desportivos do mundo, mesclados com o melhor da prata de casa.
Essa mistura produziu ótimos efeitos,
no ano passado, durante a Copa das Confederações, demonstrando ao mundo não
haver o País perdido seu estilo próprio de jogar, difundido por todos os
continentes, embora nem sempre apreendidos lá fora. Onde houve maior adaptação
ao gingado típico desse balé esportivo, o progresso do futebol é significativo,
consagrando seus treinadores.
Outras leituras sobre os efeitos
positivos da Copa do Mundo se voltam para as melhorias das praças de esporte.
Até então elas não passavam de estádios estanques, restritos, de uso limitado.
A transformação dos 12 estádios utilizados pela Copa do Mundo em arenas irá
forçar naturalmente a oferta de programações continuadas de eventos, de agora
em diante, garantindo o custo operacional.
O governo federal não atentou para a
necessidade de explicitar, de forma clara e objetiva, a natureza dos
financiamentos concedidos pelos bancos públicos e governos estaduais para a
cobertura das obras das arenas, deixando propagar a ideia de que recursos
orçamentários teriam custeado as obras.
Mais de R$ 8 bilhões, sob a forma
empréstimos e participação acionária dos Estados compuseram a equação
financeira dessas novas fontes de renda. Esses recursos retornarão sob a forma
de renda auferida dos espetáculos, convenções, congressos, reuniões e promoções
empresariais programadas, no futuro, para os estádios.
Quanto ao financiamento público das
obras de mobilidade urbana, as populações contempladas saberão em breve
valorizar as inversões financeiras. O transporte público será o meio
contemplado em maior escala. As obras inconclusas estarão em breve incorporadas
às cidades e, com elas, seus benefícios.
Fonte: Díario do Nordeste
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