Por Patrícia Mirelly
Do alto a imagem de
Nossa Senhora da Conceição, num altar montado em frente à Igreja Matriz, dava
tom aos momentos finais dos “exercícios Marianos”, como são chamadas, em
Porteiras, paróquia da Forania III, as celebrações alusivas à padroeira da
cidade, realizadas durante todo o mês de maio.
A cerimônia de coroação
encerrou as festividades na noite do último sábado (31), e é tida como o ponto
mais alto da fé porteirense, segundo o pároco da cidade, padre José Sampaio,
que há dezenove anos conduz as celebrações.
Em sua homilia, durante
a missa que antecede a solenidade, o padre destacou a importância da coroação
para os fiéis, afirmando que a data “está na alma do povo de Porteiras”. A festa da unidade, como foi chamada pelo
pároco, é o “o ponto ômega” da devoção sentida “no gosto” da comunidade com as
festividades a padroeira.
O padre explica que,
embora em toda a Igreja o mês de maio seja celebrado, em Porteiras, de modo
particular, é sentida “uma convergência dos fiéis durante celebrações, por ser
“uma festa que os fazem se sentir em casa”, porque “recorda a história do
ontem, do hoje e aponta para o futuro”, “numa festa que congrega os filhos
dispersos.” “Mesmo os que estão longe, lá onde então, estão intimamente ligados
a esse dia e a essa hora aqui, em Porteiras. Assim, a Santíssima Virgem guia a
nossa história, completa.
A coroação que
acontece, tradicionalmente, na noite do último dia do mês de maio, foi iniciada
em 1934, numa época em que a presença de padres era reduzida e os próprios
moradores, guiados por uma professora, promoviam a festa.
O altar utilizado na
cerimônia ainda é o mesmo feito à época pelas Irmãs Beneditinas de Tutzing.
Forrado com cetim branco e rosa, e enfeitado com flores naturais, fora confiado
aos cuidados de Marlene Dantas, ex-aluna de Maria Do Carmo Simplício,
idealizadora da festa. Dona Marlene conta que a missão da organizar a festa é
também um voto feito a Nossa Senhora de tomar para si todas as despesas da
ornamentação.
A coroação, toda
musicada e cantada, acontece depois da missa, traz crianças com vestes de
anjos, que sobem ao altar, rodando a imagem da Santa e outras sete que, num
cortejo, ofertam flores a Nossa Senhora, enquanto adolescestes, simbolizando
astros celestes e virtudes, vão para as laterais.
Fiéis de todos os
recantos da paróquia participam do momento, atentos aos 14 cânticos da
celebração, que são ensaiados, em meados de abril pela catequista da paróquia,
Maria de Fátima Vidal, ansiosos pelo momento em que “a coroa de pouco preço”,
como diz um dos cânticos da cerimônia, presa a uma estrela, pendurada a um fio
elétrico, que cruza o salão paroquial até a Igreja, é levada até o anjo.
A aposentada Isabel
Antônia de Jesus que, aos 66 anos, percorre quase sete quilômetros até chegar a
Igreja, com os olhos marejados, comenta a sensação de ver a solenidade. “É
linda”! Pra mim, é mesmo que eu tá no céu.
Para Ionara Leite
Tavares, que ajuda na decoração, este é um evento que “irmana a comunidade com
união, fé e alegria”, momento sublime que emociona e provoca lágrimas de
alegria, saudades, esperança e fortaleza para seguir adiante.
“A parte que mais tenho
apreço e que me cativa em ajudar com amor é a memória de meu pai que, junto com
seus amigos, criaram a estrela que sai até o anjo do altar. O momento que me
chama mais atenção é logo no início onde há um cortejo de sete crianças que
ofertam flores a Nossa Senhora.”, conta.
Ao final da solenidade,
com fogos de artifícios atirados ao céu, devotos, emocionados, elevam preces de
gratidão à Santa padroeira.
Fotos:
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Vídeo:
Feros de Porteiras (you tube)
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