quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MORRE NELSON MANDELA: ÍCONE DA LUTA PELA IGUALDADE RACIAL

Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 no vilarejo de Mvezo, no distrito de Umtata, região sul-africana de Transkei. Filho do chefe tribal local e descendente de sangue da realeza Thembu. De seu clã, Madiba, herdou o carinhoso apelido pelo qual é conhecido entre os negros de seu país. Seu nome "branco", Nelson, ganhou aos 7 anos, em seu primeiro dia na escola.
"Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos."
Mandela foi o grande nome da luta contra o fim da divisão entre brancos e negros na África do Sul. Ainda universitário, ele se engajou no Congresso Nacional Africano (CNA), principal partido negro do país. Apesar do engajamento ao combate ao segregacionismo entre brancos e negros em seu país, também lutou contra costumes tribais. Por recusar um casamento arranjado, fugiu para Johanesburgo em 1940.  Seu primeiro emprego foi como vigia noturno em uma mina de ouro. Depois, estudaria advocacia e montaria o primeiro escritório liderado por negros do país.
Em 1948, o Partido Nacional, dominado pelos Africâneres (brancos de ascendência germânica), venceu as eleições e impôs o regime segregacionista do Apartheid. Inicialmente, Mandela se inspirava no indiano Mahatma Gandhi e defendia o ideal de resistência pacífica. Apesar disso, foi preso em 1956 e acusado de traição. Absolvido em 1961, engajou-se na luta armada após o massacre de Sharpeville - em que 69 manifestantes negros foram mortos pela polícia - e o banimento do CNA pelo governo. Fundou o movimento Umkhonto we Sizwe, que promoveu ataques com bomba a prédios do governo.
Em 1962, Mandela foi preso e condenado a cinco anos de prisão, por incentivo a greves e por viajar ao exterior sem autorização. Em 1964, foi novamente julgado e condenado à prisão perpétua por sabotagem e por conspirar para outros países invadir a África do Sul. No julgamento, ele se declarou culpado da primeira, mas jamais assumiu a segunda acusação.
Ele encerrou a sua fala ao tribunal que o condenou a passar vida atrás das grades com os dizeres: "Durante a minha vida eu me dediquei ao sofrimento do povo africano. Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu apreciei o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todas as pessoas vivem em harmonia com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual eu espero viver e atingir. Mas se necessário, é um ideal pelo qual eu estou preparado para morrer".
Mandela passou 27 anos preso. Os primeiros dezoito, na ilha de Robben. Em 1976, recusou uma revisão da pena em troca de retornar para sua região de origem. Em 1985, também rejeitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Ele finalmente foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, quando sufocado pelas sanções internacionais, o regime do Apartheid iniciou um processo de abertura e soltou o principal rosto de sua oposição.
Em 1991, Mandela foi eleito o presidente do Congresso Nacional Africano, principal partido negro do país que fora banido nos anos 60 e recém retomava as atividades. Engajou-se de corpo e alma ao fim do regime segregacionista e, em 1993, conquistou o prêmio Nobel da Paz ao lado do presidente Frederik Willem de Klerk por seus esforços conjuntos pela reconciliação do povo sul-africano.
Em 27 de abril de 1994, foi eleito presidente nas primeiras eleições multirraciais do país, colocando um ponto final no regime segregacionista que governara a África do Sul por 46 anos. "Nós enfim atingimos nossa emancipação política. Nunca, nunca e nunca de novo deixemos que essa linda terra experimente a opressão de um pelo outro", disse em seu discurso de posse, em 10 de maio de 1994.
Durante o seu mandato, promoveu uma série de ações destinadas a promover a diminuição da desigualdade social e garantir direitos básicos à população pobre. Foi saudado internacionalmente pelos seus esforços para promover a reconciliação entre negros e a minoria branca. Em 1995, quando o país sediou o campeonato mundial de rúgbi, ele incentivou os negros a se interessarem pelo esporte, notadamente ligado e praticado majoritariamente aos brancos, o que foi considerado um marco para a união do país. As principais críticas que recebeu foram em relação à falta de políticas públicas implementadas para combater o galopante avanço da aids, uma causa que abraçaria após deixar a presidência.
Mandela se casou três vezes e teve seis filhos. Ele morre aos 95 anos, deixando o mundo órfão de um dos principais símbolos da luta pela igualdade entre as raças. 
Fonte: terra


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