Poetas como seu
Joãozinho de Netonho sempre acharam na saudade a palavra bonita para dar nome
às suas lembranças. Saudade é a palavra que eu também me atrevo a usar, mesmo
ser ter a licença poética necessária.
As lembranças que me
chegam vêm devagar como o balançar da rede que minha mãe armava, cada vez que
eu teimava em não dormir. São lembranças que pairam como o silêncio das árvores
que, aos poucos, eram aquietadas pelo vento. Lembranças de uma menina magrinha,
de cabelos despenteados, pés descalços na terra quente e olhos arregalados para
a mata de árvores altas, que protegia a cachoeira do sítio Saco, onde um
pássaro de cabeça vermelha voava, apressado, cada vez que avistava criança
traquina como eu.
Poetas acharam na
saudade a palavra bonita para dar nome ao que sentia. Eu também ouso usar a
saudade para dar vida às lembranças que moldaram minha infância de menina
feliz. Lembranças que nunca careceram de muitos motivos para me convencer que o
arquiteto do mundo sempre teve predileção por este lugar. O verde das matas, o
azul do céu, o vermelho na cabeça do pássaro e a água cristalina, que brota da cachoeira,
não carecem de provas para atestar que os primeiros traços da criação divina
começaram aqui.
Por isso, independente de
partido político, opção religiosa, time de futebol, que o verde de nossa cidade,
tão bonita e rica de bênçãos, desperte em nós o desejo do cuidado e da
preservação. Assim, estas minhas lembranças continuarão concretas no tempo que
ainda tenho e no tempo da geração que há de vir.
Patrícia Mirelly –
Repórter Especial
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