Elas não exercem grandes cargos, não estão em eventos pomposos nem saem no noticiário local. A busca do êxtase está em fazer da vida ponte para transcender o mundo e a humanidade. Trabalhar é transformar, por isso veem o trabalho como oportunidade de crescimento interior e amadurecimento. Sem alardes, sem vaidades. Alguma delas os porteirenses pouco conhecem. São admiráveis pelo trabalho discreto, mas de uma beleza muito mais fundamental e infelizmente menos notória.
Os nomes vêm fáceis à minha cabeça, um atrás do outro, a maioria de mulheres cujo trabalho eu tive a graça de conhecer de perto e sei o quanto são especiais – e fundamentais. Ei-las:
Aglais Tavares, que tem expandido os limites da transgressão ao lançar luz à Baixada, fazendo-nos enxergar o ouro que ali se escondia.
Angela Tavares, ou Neném de Bibi Libório, que, ano passado, no dia da padroeira de Porteiras, acordou cedo, reuniu as amigas e, juntas, preparam um farto banquete para os peregrinos que chegavam exaustos das regiões mais longínquas do município;
Corrinha Lima, Arlete Silva, Edileuza Miranda, Eliana Alberto e Fabiana Santos que fizeram a feliz escolha de serem professoras e, assim, professar a crença de que só a educação é capaz de construir homens e mulheres saudáveis e serenos; que não descansam enquanto não abrem as janelas do futuro a todos, para que cada um desenvolva seu talento.
Ionara Leite Tavares, contraditoriamente à posição que ocupa, cultiva a descrição, tem pavor a microfone e, uma vez, quando lhe questionei porque era tão reservada, respondeu-me, com olhar sereno, que o cargo não a deixa vaidosa nem a faz querer aparecer publicamente; que o seu êxito estar em ver o outro brilhar.
Luciene Silva, Maria e outras tantas “Margaridas” do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, que, ano passado, no tradicional evento do “Sete de Setembro”, esbanjaram militância aos desfilar a luta das mulheres do campo e da cidade por uma vida mais digna, serena e saudável.
Mirtes Leal, que perdeu o filho caçula num acidente, mas soube fazer da ausência presença divina que ameniza a dor e nos ensina, com seu exemplo de força e sensibilidade, que a vida sempre precisa encontrar outra canção, num mistério junto com a fé;
Nara Morais, psicóloga, pelo trabalho urgente e necessário de fazer acontecer a empoderação feminina no município através do projeto “Outras Marias”.
Sandra Duarte, disposta a fazer triunfar o Imaculado Coração de Maria, tem percorrido as cidades circunvizinhas difundindo o Movimento Sacerdotal Mariano, levando conforto e suavidade aos corações sedentos de amparo e proteção;
Tanha Dantas, pelo zelo às coisas sagradas e dedicação aos menos favorecidos pelo mundo e pela vida.
Respeito todas elas. Cada uma tem seu valor, sua formosura, sua dedicação, seu empenho.Admiro um sem-número de outras mulheres que trabalham pelo bem coletivo e que abrem mão de sua vida para melhorar a vida dos outros.
Àquelas que amam o lugar em que vivem, que buscam fazer de cada canto desta cidade um canto bom para se viver, que protagonizam as mudanças necessárias, que lutam por suas convicções e fazem história, que enfrentam as adversidades com valentia, não querem ser “Amélias”, minha admiração, respeito e gratidão. Feliz dia, todo dia, o dia todo!
Patrícia Mirelly é porteirense e estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Cariri.
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