A 500 quilômetros de Fortaleza, no município de Brejo Santo, está instalada a fábrica brasileira da marca italiana Diadora, que esteve três anos afastada do mercado nacional. Apesar de as instalações físicas ainda não estarem concluídas, os tênis esportivos que conquistaram famosos comoPaul McCartney e Angelina Jolie já são produzidos a todo vapor no Semiárido nordestino.
Cícero Egliberto Borges, de 21 anos, é auxiliar de expedição na fábrica instalada na cidade. De acordo com ele, a área é essencial na organização para a saída do produto final. “Tive treinamento com pessoas mais experientes, que passaram os procedimentos. Eu nunca tinha trabalhado com expedição e agora consigo fazer sozinho”, conta.
Nascido em Brejo Santo, Cícero trabalha das 6h às 16h, com intervalo para almoçar. Outras duas pessoas da família também atuam na fábrica: o tio, no almoxarifado, e o primo, na montagem. “Antes eu trabalhava com informática, mas nada como estar em uma empresa fixa, com oportunidade de crescer e trocar conhecimento. Para mim, está sendo um aprendizado gigantesco”.
Hoje, o Cariri ocupa o terceiro lugar como polo calçadista no Brasil, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Calçados de alto padrão vão sair diretamente da região para vários estados do país. É a primeira indústria de grande porte e do segmento instalada na cidade.
Segundo o gerente comercial e administrativo da Dilly Sports – empresa especializada em gestão de marcas esportivas –, Alessandro Dilly, o motivo da escolha do município para a instalação da fábrica deve-se a fatores como oferta de mão de obra e boa localização.
“O Ceará oferta bastante mão de obra, e onde se produz tênis precisa-se de muitas pessoas. Além da logística, porque o município está bem localizado, próximo à BR-116 e perto de Juazeiro do Norte [polo calçadista], que tem aeroporto”, comemora.
A nova unidade reúne investimentos na ordem de R$ 80 milhões até o fim de 2016, quando a capacidade instalada atingirá 3 milhões de pares por ano. O valor inclui as instalações físicas cedidas pelo governo do Ceará como parte de um pacote de incentivos composto por dez anos de isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços0, além de equipamentos adquiridos com recursos próprios da família Dilly e financiamentos. “O Governo do Estado ajuda dando incentivo, enquanto o município proporciona a utilização dos pavilhões provisórios”, explica.
Funcionários cearenses
Atualmente, 200 funcionários estão atuando nos pavilhões provisórios, distante 2 quilômetros da sede definitiva. Conforme o empresário, o processo de implantação da unidade fabril compreende três fases. A primeira vai até o fim de 2014, com projeção de contratação de 500 pessoas. A segunda etapa tem prazo até o fim de 2015, com perspectiva de geração de 1,5 mil empregos. Por último, a terceira fase irá até meados de 2016, quando a fábrica passará a operar com 2,5 mil funcionários.
Cearenses, dentre homens e mulheres, foram treinados durante 60 dias para participar da montagem dos calçados esportivos e fabricar o solado. A produção atual está estimada em 40 mil pares mensais. “Em Brejo Santo temos toda a parte industrial, 100% da produção está no município”, conta. A sede da empresa, com as áreas administrativa, comercial e de pesquisa e desenvolvimento, permanecerá em Novo Hamburgo, núcleo do polo calçadista do Rio Grande do Sul. “A cabeça está no Rio Grande do Sul e o corpo, no Nordeste”, comenta Alessandro.
Projeções
A marca está se organizando para atuar, a partir do segundo semestre, na parte de confecção, incluindo roupas, meias e mochilas. A projeção é que a Diadora conquiste mais de três mil clientes lojistas no Brasil até 2015, quando produzirá um milhão de pares. O faturamento da empresa é de mais de um bilhão de euros. Os calçados produzidos em Brejo Santo serão destinados 100% ao mercado nacional.
Fonte:Tribuna do Ceará
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