terça-feira, 14 de abril de 2020

CARTA DA MÃE TERRA ( PACHAMAMA) – POR FÁTIMA TELES

Foram anos de amor entre o universo e o divino, a luz que governa tudo e todos os seres . Eu já fui uma poeira cósmica, posteriormente transformei- me em gosma, porque como dizia Lavoisier "na natureza, nada se perde, tudo se transforma". A cada bilhão de ano mais transformações ocorriam, até eu chegar a ser o planeta azul.

Nasci rica em terra e água. Deram- me o nome de Terra. Sou o terceiro filho nessa Via - Láctea. Existem outras tantas e muitas vidas espalhadas no infinito. Há muitas moradas na casa de meu pai , afirmou Jesus Cristo, o nosso irmão maior e co criador do nosso sistema solar.

Foi lindo o processo de minha criação. Cada reino que nascia ia complementando a beleza da minha paisagem. Tinha tudo e ainda hoje tem. Não faltava nada . Tudo dava para suprir as necessidades de todos os seres como ainda hoje dá.

Dei- te água para matar a tua sede. Dei- te o ar para poderes respirar e viver. Dei- te árvores cheias de frutos e frutas para te alimentares.

Dei- te os recursos precisos para te vestires e dei-te a companhia dos animais que serviriam para o trabalho sem que fosse forçoso a exploração e o subjugo.

Confundiste tudo. Te Tornaste Deus ou semideus. Passaste a decidir o destino dos teus semelhantes, usaste a tua inteligência para manipular os que tu julga menos inteligentes, os ingênuos, controlar as massas. Utilizas tua força contra crianças e pratica atos de crueldade contra os animais e a natureza. Ainda trata teus semelhantes como inimigos quando eles não te favorecem aos teus interesses.
Consomes sem freios... crias necessidades...
Poluís o ar, os rios, às ruas, o mar...
Desequilibras o meio ambiente.
Adoeceste a mim!
Estou exausta.
Sinto necessidade de expurgar todo o mal para poder me curar.
Olhas em minha volta. Só nesse pouco tempo em que estou distante de ti,sem tuas agressões, estou me refazendo. Já sinto- me renovada.

O Himalaia está limpo, o céu mais claro, as águas límpidas e as tartarugas procriando e passeando na areia do mar.

Tu precisas entender que não é Deus. Tu sabes bem que nunca conseguiste controlar um vulcão quando ele quer vomitar o que já não pode ser mais tolerado. Tu nem consegues controlar um vírus que te deixas sem o oxigênio, fonte de vida ou sobrevivência.

Suportei tuas violências com resiliência, silenciosamente, mas adoeci.

E agora tu sentes vontade de chorar, podes chorar. Choras e depois ergue- te no trabalho do bem e silenciosamente encoraja- te para suportares as dores. Na natureza para cada ação há uma reação. Estou me renovando. É da lei! Vem comigo ao trabalho!
Eu te amo!
Terra.

Por Fátima Teles, Escritora e poetisa brejosantense.

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